Relembrando posts antigos
Tive uma ideia
Uma vez que me alojei aqui com o blog ''a meio'', tive a ideia de relembrar (republicar) alguns posts que eu gostei muito de escrever e sinto um certo orgulho em tê-los escrito. Assim, o post que se segue foi escrito há 1 ano e mais ou menos 1 mês e dias e tem o título:
Pessoas de Cartão
19-02-2018
16h07
16h07
Eu olho o mundo pela minha janela e vejo-o a vender-se por milhares de ‘’coisas’’, mas são milhares de ‘’coisas’’ vazias, ocas, sem conteúdo, sem matéria… essas ‘’coisas’’ chamam-se carros, roupas, marcas, sapatos, malas, joias, objetos, casas, cómodos… isso tudo faz parte de uma imagem. Uma imagem que se quer ter para impressionar, cativar, conquistar,enganar, iludir, induzir em erro. Uma imagem que é exigida, disfarçadamente imposta pela sociedade, pelo mundo que nos rodeia porque faz parte de mil e umr equisitos que uma pessoa tem de ter, deve ter, é obrigada a ter para entregar aqui, ali, acolá. É como se a imagem detetasse o carácter de alguém. Aliás, o que é ser pessoa, hoje em dia? É ser imagem. A sociedade vive numa corrida frenética à imagem, à melhor imagem para obter o melhor lugar, a melhor casa, o melhor carro, as melhores roupas das melhores marcas, o melhor posto de trabalho, a melhor poltrona, a melhor secretária…
As pessoas andam aos tombos uma com as outras, aos empurrões, aos puxões de cabelos para chegar primeiro, para ter o melhor lugar porque cada um tem mais, merece mais, tem um papel a mais. E isto, e aquilo…ninguém pode ter mais do que eles, se tiver, tem de ser justificado, escrito, atestado, explicado… e tudo porquê? Pela maldita imagem!
E, vejam só o que uma secretária, uma cadeira, um posto de trabalho novos, uma casa grande, um bom carro e, meia dúzia de outras‘’futilidadezinhas’’ fazem: empinam o nariz, levantam o pescoço, reviram osolhos, olham por cima do nariz, falam ‘’politiquês’’, endireitam as costas (até lhes doer a espinal medula) e, andam em linha reta sem reconhecer ninguém, porque trabalha-se ali, acolá e o patamar é outro. E que patamar! O patamar da tolice, da parvoíce, da futilidade e muitos mais ‘’íces’’. Três palmadas em criança e, uma carga diária consideravelmente pesada em adulto e acabava-se os patamares, os altos níveis que passeiam e deixam o cheiro a podre por onde passam. Mas, infelizmente, não há trabalho pesado para quem merece e o tal canudo não deixa. Que canudo é esse… Senhor! Que livra tanta gente da merecida lida. E o que é que vale? A imagem.
Podem passar fome, podem passar frio e sede… podem ser miseravelmente infelizes e insatisfeitos com as suas vidas, podem não saber a ponta de um corno, mas o que é que tem?!
O que importa é a imagem que a sociedade vê, a roupa que a sociedade admira, a casa, o carro que a sociedade cobiça… a feliz relação que os outros e as outras invejam! Que importa que se viva como cães e gatos, que se agridem, que se traem? O que importa é o que se vê! Assim pensa a sociedade. Sinceramente, eu prefiro pessoas do que imagens. Eu prefiro uma casa pequena com tudo o que eu gosto. Eu prefiro uma roupa que me caia bem e que me faça sentir bem.
Eu prefiro obter só aquilo que eu possa comprar, o bastante para me satisfazer e não passar fome, frio, sede porque gastei o que tinha.
Eu prefiro as pessoas com conteúdo, com matéria, com conhecimento, pessoas cheias de sentimentos bons.
Se essas pessoas de quem eu gosto trabalham atrás de um balcão, a servir às mesas, a varrer a via pública, a limpar casas… então são pessoas reais e admiráveis!
Eu vim da pobreza, por isso sou rica. A felicidade é pobre, mas adormece de barriga cheia. As pessoas perguntam-me por que ando sempre tão feliz, então... eu não tenho riqueza nenhuma pela qual me chatear,eu não sei identificar marcas, não sei discutir sobre dinheiro, o aspeto e o materialismo passam-me ao lado, gosto das coisas bonitas e simples do mundo e acho a vida linda…
A imagem de alguém está na capacidade de desempenhar bem o seu trabalho, na capacidade de ser sincero e humilde. Ter uma boa apresentação, estar em condições (roupa adequada, limpo, etc..) o mínimo que é pedido, claro. Mas não é uma imagem que faz uma pessoa.
Antes de serem uma imagem, tentem ser alguém. É bom.
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