Ciclo vicioso
Normalmente, eu gosto sempre de escrever sobre este dia: 03 de Dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, por isso, andei a pesquisar algo realmente interessante para partilhar neste dia, e depois de procurar encontrei estas imagens que significam muito em que a maioria das pessoas têm o mesmo pensamento e fazem os mesmos comentários, mesmo que digam que não:
Isto é tão verdadeiro como desconfortável e absolutamente rídiculo!
Ficam-nos a analisar como se fôssemos ratos de laboratório e eu não tenho quase nada comparado com outras pcd (pessoas com deficiência)... então se para mim é constrangedor, não quero imaginar para elas...
Mas a realidade é que acontece, tanto no trabalho como noutra situação do quotidiano.
Como lidar com isso?
No que me diz respeito, na maioria das situações eu tento ignorar porque em muitas dessas situações, trata-se de pessoas cujo padrão de vida é esse, ainda mais, nós que vivemos no país dos inválidos e coitadinhos...
As pessoas nasceram e cresceram com esse exemplo de casa em que o pensamento é que as pcd são o mesmo que crianças e não têm credibilidade. Torna-se num ciclo vicioso que passa de geração em geração.
O mínimo que respondo é: '' Pois, hum, hum...'' e dou um sorriso seco.
Já aconteceu rir-me na cara das pessoas e elas a olhar para mim tipo . E eu carreguei mais na gargalhada, querem o quê? Como aquela empregada da loja que entendeu ir escolher a roupa comigo como se eu não soubesse o que queria comprar... essa cena deu-me tanta vontade de rir que me ri mesmo na cara dela.
Quando isso acontece evito ao máximo entrar novamente nessas lojas, posso ir gastar o dobro noutras lojas mas naquelas evito mesmo comprar.
De resto, o mais constrangedor que me aconteceu é fazerem-me perguntas e suposições sobre a minha vida sexual... Uma vez, perguntaram-me: '' Tu és assim... Tu já fizeste...?'' Como se tivessem muito a ver com isso... enfim. É gente xunga!
Eu já estou vacinada contra muitas dessas situações, outras ainda vou trabalhando... Na minha opinião, existe três tipos de pessoas:
1- Os que não se chocam nem se comovem com isso;
2- Os que até têm a ideia errada mas se eu explicar ou mostrar como realmente é, eles entenderão;
3- Os que cujo padrão de vida é tão limitado que não vale tentar mostrar as minhas capacidades.
Também existem aquelas pessoas provocadoras e aquelas que têm por hábito transferir as suas fraquezas para os outros, que associam tudo a uma doença, etc... Mas isso são outros quinhentos.
Se isso é mau? É. Se é mau ver que até algumas crianças tratam pcd como se estas fossem mais novas do que as ditas crianças? É. Se isso mostra que ainda não se evoluiu nada ou quase nada? É. Se me dá vergonha alheia? Sim. Mas não se consegue o mundo todo ou só de uma só vez e cada um tem de lutar por si, por isso é que como pessoa com defiência, considero que tenho de saber lidar ou não lidar de todo. Depende da situação.
Outra coisa que eu aprendi foi quando alguém se dirige a mim dizendo: ''Tu não és deficiente, só tens o braço assim''. , a pessoa que diz isso ou as pessoas que dizem isso pensam três vezes o contrário. Pensam que eu tenho muitaaas dificuldades e, podem ter a certeza, que o facto de eu ter uma deficiência lhes causa muita confusão.
Quando me dizem isso, querem convencer-me a mim ou a vocês?
Eu sou deficiente motora: babo-me, falo como o Pato Donald ou como um rádio estragado, sou maneta e perneta. E tudo bem!
Reconhecer que eu sou defiente não me atribui mais dificuldades... brincar com a minha condição ou permitir que as minhas pessoas o façam não quer dizer que me estou a desvalorizar.
Beijs e boa noite de Sábado.
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Imagens retiradas da Internet